domingo, 12 de julho de 2009

SALVANDO UM VIRA-LATA!

Este ano minha cadelinha de 14 anos, a Lassie, adoeceu. Aos 11 ela havia feito uma cirurgia pra retirada de uma pedra na bexiga que acabou a deixando sequelas pro futuro. Uma insuficiência renal foi constatada no inicio do ano quando eu percebi que a Lassie andava tomando água demais.
Apesar da idade, meu bebê continuava brincalhona e bastante ativa para o perfil preguiçoso que ela tinha desde filhote.

Lassie e seu chapéu
Porém, devido à idade, não foi possível fazer uma hemodiálise, o que judiaria demais dela e provavelmente ela não sobreviveria ao pesado tratamento. Portanto, a veterinária e eu fomos medicando e torcendo pra natureza reverter a situação mesmo sabendo que seria impossível.
As semanas foram passsando e o quadro foi piorando. A Lassie e eu passamos a visitar o consultório veterinário todos os dias pra tomar soro e medicação na veia. Após uma semana de tratamento ela deu uma reagida e voltou a se alimentar mas continuava andando com difuculdade devido a artrose, ao mau funcionamento dos rins e claro, a idade. Um cão de 14 anos equivale a um ser humano de 98. E como o porte dela era médio/grande o tempo de vida costuma ser mais curto que dos cães menores.

Lassie fazendo o seu irmão Gaton de travesseiro

Ficamos muito felizes com a melhora da Lassie, a veterinária e eu! Mas a nossa alegria não durou muito. Após 3 dias da melhora, quando ela já estava tomando o medicamento via oral com carninha, ela começou a recusar tudo o que eu lhe oferecia pra comer. Andar ficou cada vez mais difícil e ela mal conseguia chegar até a cozinha sem cair ou sem a minha ajuda pra chegar onde ela queria. Isso me cortava o coração cada vez que ela lutava pra dar um passo e se equilibrar nas patas trazeiras que já não respondiam mais como deveriam. Mas eu via nos olhos dela que ela não queria desistir tão facilmente. E continuamos a medicação por mais 3 dias, até que a veterinária me deu a pior notícia que eu poderia receber naquele momento: A Lassie não melhoraria mais. Nesse ponto o quadro dela estava piorando a cada dia, ela já não andava mais e só tomava água de colherzinha na boca.
Incrível foi notar nos olhos dela que ela não queria mais lutar, até no pior momento de sua vida a Lassie foi fiel aos meus sentimentos e me disse que queria partir, exatamente como eu já havia pedido pra ela ha tempos, desde a primeira vez que ela ficou doente.

Na hora que recebemos uma noticia como essa, a primeira reação é chorar e pensar em todos os momentos felizes que passamos ao lado do nosso melhor amigo(a) e pensar se essa é a decisão certa a ser tomada, se não estamos brincando de Deus, se temos o direito de dar a tal da injeção e tantas outras dúvidas. Comigo não foi diferente. Pedi pra veterinária pra passar o final de semana com ela em casa e rezar pra Deus levá-la naturalmente sem eu ter que aplicar a injeção. Mas de qualquer maneira, eu não queria que a minha melhor amiga ficasse sofrendo, morimbunda sem ao menos poder fazer uma das coisas que ela mais amava na vida, comer! Eu também não me alimentava. Me sentia mal em comer sabendo que ela estava lá sentindo o cheiro e toda vez que eu oferecia algo ela virava o rosto.
Portanto, pedi para a veterinária vir até a minha casa na segunda feira no final da tarde. Era o mínimo que eu podia fazer nos últimos momentos de vida da minha melhor amiga, companheira e protetora, ja que ela odiava ir ao veterinário, essa não seria a última coisa que ela faria na vida.

No nosso último dia juntas, tentei me lembrar das coisas que ela mais gostava que eu dissesse pra ela, dos lugares que gostava de deitar no quintal...Então eu a peguei no colo e fomos nos deitar no seu cantinho favorito do quintal, onde ela costumava tomar seu banho de sol diário. Com ela no meu colo, comecei a me lembrar de 14 anos atrás, quando eu era uma adolescente e ela era um filhote e passávamos as tardes assim, sentadas no sol. Ela dormindo no meu colo e eu acariciando a sua barriga. Me lembrava de momentos memoráveis, como a vez que estávamos no quintal da casa da minha amiga e não queríamos que ela fizésse xixi no chão pra não termos que limpar. Inacreditavelmente, a Lassie com 2 meses, foi direto ao ralo e fez xixi lá não deixando uma gota pra fora. Na hora nós 3 festejamos muito a astúcia dela e dissemos: "Pena que ela nunca mais vai fazer isso na vida". E realmente ela nunca mais fez isso mesmo.

Nessa manhã, o sol estava lindo. A Lassie estava deitada no meu colo com uma cara de satisfação ímpar ao sentir os raios de sol no seu rosto e no seu corpo que já estava com a temperatura abaixo do normal. Comecei a cantar pra ela uma música da Vera Lynn, na versão do Johnny Cash chamada We Will Meet Again com a voz trêmula por causa do choro entalado na garganta mas as lágrimas desciam pelo meu rosto em uma mistura de nostalgia e dor.

Nós sabemos que os cães não duram pra sempre e que o tempo médio de vida de um cão é de 10 a 15 anos. Mas quando chega o momento de nos separarmos deles é quase como se estivéssemos nos separando do nosso braço direito.

Lassie 3 semanas antes de sua partida

A Lassie se foi numa segunda feira ensolarada, no dia 11 de maio de 2009. 10 dias antes do meu aniversário. Exatamente na mesma data em que eu a vi pela primeira vez com os seus lindos irmãozinhos em 1995 e a trouxe pra casa sabendo que fomos feitas uma pra outra.

Antes da partida da Lassie eu estava tentando me preparar psicologicamente pra aguentar a barra, li alguns livros sobre cães o que acabou me ajudando melhor a entender o momento da partida da Lassie. Porém, logo depois disso eu li um livro muito emocionante e percebi que todos nós passamos exatamente pelas mesmas dúvidas quando chega esse momento tão dificil.

Por isso resolvi escrever esse post. A minha identificação com o escritor do livro acabou indo além do amor pelos cães. Assim como eu, Mark R. Levin, o autor do livro, também é radialista. E a história do Sprite, o belo vira-lata protagonista deste livro é de emocionar. Além do livro incentivar a adoção de cães abandonados!

Portanto segue a dica:

E toda vez que ouço Johnny Cash cantando We'll Meet Again eu me emociono lembrando da Lassie, que agora está lá, no céu toda feliz, correndo rebaixadinha com cara de doida, abanando o rabo e brincando com tantos outros amiguinhos caninos que também se foram. Vou sempre me lembrar dela como a minha melhor amiga, companheira e protetora. O verdadeiro grande amor da minha vida!

Pra você ouvir a música, caso não conheça:

http://www.youtube.com/watch?v=nW_hfURy1Yk

We'll meet again
Don´t know where
Don´t know when
But I know we'll meet again
Some sunny day
Keep smiling through just like you always do
Till the blue sky drives the dark clouds far away

And would you please say hello to all the folks that I know
And tell them that I won´t be long
They will be happy to know
That as you saw me go
I was singing this song

We'll meet again
Don´t know where
Don´t know when
But I know we will meet again
Some sunny day

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